Contra «austeridade» e privatização

Greve na <i>CGD</i> segue dia 14

A greve de dia 2 foi a maior de sempre no Grupo Caixa Geral de Depósitos e os trabalhadores vão voltar a parar na greve geral, como foi afirmado na concentração junto à sede da CGD.

A excepção da concorrência só vale para os administradores

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«Hoje fizemos greve e estamos aqui, nesta concentração de protesto e luta! No dia14, estaremos com a greve geral!» – afirmou, sexta-feira à tarde, na entrada principal da mega-sede da Caixa, na Avenida João XXI, em Lisboa, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC). O apelo de João Lopes foi feito já no final da intervenção, perante centenas de trabalhadores e reformados vindos de várias regiões. «Esta luta tem de ser alargada mais e mais, todos devemos participar em todas as ações e iniciativas que tenham como objetivo a luta contra esta política, a luta contra este Governo», salientou o dirigente, defendendo que «todos temos de contribuir para uma solução alternativa a esta política de desastre nacional».

Com uma adesão massiva, que teve particular incidência na CGD, a empresa líder do grupo e que é responsável por cerca de 80 por cento do total de trabalhadores deste, a greve teve efeitos visíveis na rede de agências. O STEC afirma que a maioria dos balcões encerrou, ou esteve a funcionar apenas para prestar informações, enquanto outros funcionaram sem as condições mínimas de segurança, recorrendo em muitos casos, a pessoal com vínculos precários. Mesmo os serviços centrais funcionaram de forma reduzida e, essencialmente, à base de trabalhadores em regime de outsourcing.

No rol de motivos para esta luta, que foi apresentado de forma sintética num comunicado distribuído durante o mês de Outubro, o sindicato inscreveu, praticamente com realce idêntico, o roubo nos salários e pensões e a privatização da CGD, anunciada pelo Governo.

João Lopes criticou, como discriminação, o facto de a administração do Grupo Caixa não ser penalizada, com a justificação de que a actividade é desenvolvida em concorrência, um critério que deveria valer também para os trabalhadores e os reformados. Na proposta de Orçamento do Estado para 2013, o Governo inscreveu medidas que «vão agravar brutalmente a nossa situação de duas formas, como trabalhadores do Grupo CGD e como portugueses».

A luta de dia 2 serviu igualmente para «manifestar o nosso repúdio por qualquer alienação de activos que o Governo pretenda fazer, dentro do Grupo CGD». A venda da Caixa Saúde, por um valor «de saldo», a anunciada venda da Caixa Seguros visam enfraquecer e descapitalizar a CGD, para atingir um objetivo final – a destruição completa do grupo público», que o sindicato e os trabalhadores rejeitam, sublinhando que «as razões de Estado que justificaram, em 1876, a criação da CGD, estão hoje tão ou mais vivas do que então». Pugnando para que o Grupo CGD seja reforçado e permaneça público, o sindicato promove hoje um debate sobre o tema «Vender a Caixa é vender Portugal».

Sector financeiro

Apelos à participação na greve geral foram divulgados pelo Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros (Sinapsa) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Actividade Financeira (Sintaf/CGTP-IN).




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